quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Crianças Índigo da nossa geração



Liberdade, uma ilusão. A escravidão acabou (quase totalmente). As mulheres podem escolher seus maridos e até sentarem sozinhas pra tomar uma cerveja (quase não vejo isso). Os gays em grande parte do mundo (ocidental) podem casar e constituir família. Os homens brancos heterossexuais podem admitir suas fraquezas, chorar em público e até se sentirem bem sendo hierarquicamente inferiores a uma mulher negra e mais jovem (esse caso eu só conheço de ouvir falar).
Resumão; a liberdade de ir e vir, de escolher seu trabalho, seu marido, etc; essa, quase todos nós habitantes desta metade esquerda do mundo, temos. Mas o que fazemos com tal liberdade?
Conheço muita gente extremamente bem sucedida no trabalho, mulheres e homens cujo salário, expertise, beleza, juventude e inteligência, deixariam qualquer um com inveja; mas nos raros momentos onde podem ser eles mesmos, numa conversa bem franca as 2h da manhã depois de umas biritas e um brigadeiro confessam: "eu queria mesmo era ser casada(o), estar cuidando de 2 filhos e ficar o dia inteiro à disposição da casa/ filhos / marido."
Então tá; eu retruco; "não dou 2 semanas pra vc enjoar a rotina e ficar louco pra voltar a ser a femme fatale do mundo corportativo. Ou o gatíssimo impecável quadrilíngue que 'conhece a Índia, o Japão e a dança haitiana', e pelo qual all the boys and girls suspiram.."

O fato é que todos (que se permitem refletir) enjoamos e mudamos de opinião; mas sentimos falta do que não temos. E isso causa uma angústia, uma aflição que muitas vezes faz seu bem estar vazar pelo ralo. 
Pra desenhar um exemplo bem íntimo, conto meu caso. Uma das coisas que mais prezo é minha independência. Financeira, emocional, no trabalho, independência do uso de medicamentos, de vícios; de sentimentos desestabilizadores. Se eu consigo dar conta? Às vezes sim, outras não. Basta eu experimentar por um tempo e de uma maneira saudável, todas essas coisas que me fazem feliz não ser dependente e, num passe de mágica, quando terminam, me deixam mais "sem graça que a top model magrela da passarela."
Basta eu passar uns dias na casa da minha mãe. Inicialmente sinto alívio por não ter que todo dia dar nota da hora que acordo, que chego; com o que gastei meu dinheiro; com quem converso tanto no telefone; pra onde eu vou no fim de semana... Aí passa um tempo e a experiência do amor externado nas comidinhas que você gosta; naquele programa que é a sua cara e que foi gravado pra que quando você chegasse assistisse; na coca zero no compartimento extra frio; na sua roupa lavada mesmo você tendo escondido pra levar suja pro seu apartamento... Aí vem tudo isso e põe em xeque toda a liberdade pela qual você lutou e, inclusive, foi criado para alcançar como objetivo claro de sucesso.

Receita não existe. Mudanças nas preferências e atitudes sempre irão ocorrer enquanto vivermos (especialmente pra mim com essa lua em peixes..). O negócio é não ter medo de errar e sobretudo, não ter medo de se arrepender, de voltar atrás, de tentar de novo. É chato, ninguém gosta de errar. Ainda mais as crianças Índigo da nossa geração, que crescemos com o mantra na cabeça: "Estude, seja o melhor, não demonstre suas fraquezas, ganhe muito dinheiro, fale inglês, seja respeitado pelo seu trabalho, se exercite, garanta a casa própria, tenha um carro caro." Não foi erro dos nossos pais. Foi a crença da época e, pior, continua sendo. Ser parte dessa geração se resume a uma coisa: temos acesso a tudo e a todo tipo de informação, só não temos acesso a nós mesmos, aos nossos verdadeiros sentimentos.
 Se continuarmos a criar todo mundo pra ser apenas um profissional bem sucedido o mundo vai continuar assim, doente como está; com os CEO´s carregando a vida de milhares de pessoas nas mãos, mas a própria permanecendo um caos, uma farsa que nem ele mesmo, na calada da noite nunca se permitiu (nem permitirá) analisar e mudar de ideia.

sábado, 1 de novembro de 2014

Porcaria Exemplar



Certamente o problema sou eu. Eu que não tenho mais paciência pra isso!
Do ponto de vista tecnico e de roteiro, o filme é perfeito. Excelente! O drama vai se desvendando na medida certa; envolve o espectador; deixa você torcendo.
Mas, sinceramente, achei uma grande M....

O filme é a imagem perfeita do nosso tempo; como Vargas Llosa diria, nossa civilização do espetáculo. Por isso mesmo é péssimo! Tudo precisa de um show; de uma apresentação! Holofotes, câmeras, reality; o espectador é o grande juiz! E como tal, sentencia antes das autoridades! Autoridade de quem? Mas ele muda de opnião... Ah, se muda; atento vorazmente a cada fato, faz do show a sua própria vida. Projeta nos sujeitos seus dramas, afetos, desafetos, frustrações, anseios, esperanças, sua própria redenção.

Que inutilidade essa nossa sociedade. Em todos os continentes. Seja rico, seja pobre o velhinho da frivolidade sempre vem e nos presenteia. Não posso negar, entretanto, que os EUA é seu berço esplêndido. Não entrarei em méritos nem julgamentos (neste ponto). As Kardashians (se escrevi errado, ponto pra mim, que nunca as vi) são, na minha opnião, o mesmo que se nós no Brasil cultuássemos Joelma da banda Calipso (antes das declarações de homofobia) ou Carla Perez. Talvez estas duas tivessem mais a acrescentar pelas histórias de ascensão social.

Viva ao circo meu bem, porque o pão só se for sem glúten e lactose free. Afinal as musas da nossa sociedade nunca são gordas!

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

In case of Emotion sicknes..



Viajar... Não tem outra coisa que me defina melhor. Viajar é mudar! De lugar, de perspectiva, de lado, de opinião, de ideia.. Viajar é sonhar! É voltar à infância, é amadurecer, é crescer, é acreditar.. Viajar é se desapontar! É errar, é se expor, é se cansar, é se permitir. Viajar, sobretudo, é VIVER!

Não é só um dos meus temas favoritos; o meu hobby ou minha paixão, é parte de mim, da minha essência. No sentido mais amplo da palavra. Desde a concepção, passando pelo planejamento, até a realização. Não só a viagem física. A viagem interna! O turbilhão de sensações, as expectativas, as dúvidas, as escolhas.. A viajem, no sentido de estar sob efeito químico... E realmente estamos! Só com todas as endorfinas, resposta endócrino-metabólica etc que provoca na gente.. Isso sem precisar ingerir, inalar, injetar nada! Nada além de se utilizar de si mesmo.

Ainda bem que isso é tema de estudo de muita gente e há bastante tempo! Ou eu me sentiria um louco completo! Preciso registar minha paixão fulminante pelo livro "A arte de viajar- Alain de Botton".
Em pouco mais de 200 páginas ele conseguiu reunir idéias dele e de grandes pensadores sobre essa mais oura ARTE, a de viajar... É daquele livro que você quer que durma contigo! Não conheço melhor resumo sobre o tema.

Algumas passagens:
"O avião é um símbolo da amplitude do mundo, carregando em si indícios de todas as terras pelas quais passou; sua eterna mobilidade oferece um contrapeso imaginário aos sentimentos de estagnação e confinamento."

"As viagens são parteiras de pensamentos. Poucos lugares são mais propícios a conversas internas do que um avião, um navio ou um trem em movimento. Existe uma relação quase fantástica entre o que está diante dos nossos olhos e os pensamentos que podemos ter: reflexões amplas podem requerer paisagens vastas; novas idéias, novos lugares. Reflexões introspectivas suscetíveis a empacar são auxiliadas pelo fluxo da paisagem."

"Podemos valorizar elementos estrangeiros não só porque sejam novos, mas por parecerem mais fielmente ajustados à nossa identidade e às nossas preferências do que qualquer outra coisa que nosso país pudesse oferecer."

E por aí vai... Já aviso: se quiser ler compre o seu, porque o meu  não empresto!


domingo, 2 de fevereiro de 2014

You can't hurt me now; can you?



Realmente é engraçado como podemos nos acostumar com a dor...
A gente pode se acostumar com tudo! De bom e de ruim.
Essa característica que permitiu a nossos ancestrais "macaquinhos" sobreviver; nos deixou com essa carga excessivamente pesada do comodismo. E com ele, excesso de sofrimento.
Não sei se meu mapa astral; meu carneiro ariano; meu sangue baiano, nordestino; enfim; não sou assim, tão fácil de me acostumar com o que me maltrata..
Como não sou extraterrestre, muitas vezes escolho mal; sofro mais com a nova decisão; pasto mal antes de chegar num campo melhor. Me atrapalho, erro, mas também acerto; thanks God!
Tudo que me maltratou, intencionalmente ou não, me colocou pra correr.
"If you never wanted to hurt me, why am I running away?"
Queria poder jogar essa frase; pra todas essas "situações" que me fizeram sofrer... Por isso reflito hoje!

Outro fato "curioso" é o de tantas boas intenções nos maltratarem... Quantas vezes nós mesmos não fazemos isso com os outros? 
Eu já fui vítima e agente causador.. Viver é isso. Viver é tentar! Não me arrependo de nada! Rien de Rien!
Sem minhas escolhas, não seria esse Danilo. Seria um outro; certamente muito mais amado por tantos e, definitivamente, muito mais detestável pra mim mesmo.

Essa reflexão acontece hoje, 02/02; exatamente 5 anos após deixar minha "casa"; Salvador. Sair da minha zona de conforto; deixá-la pela segunda vez; em busca de uma vida nova. Em muitos aspectos melhor até do que eu imaginava, com seus momentos amargos também. Afinal, a vida não é mesmo esta bittersweet symphony? Peguei meu carrinho, enchi de coisas da "lapinha" e fui, fugir do passado, atras do futuro! Obrigado Recife, Obrigado Alexis por me acolher, Obrigado Petrolina, Obrigado Pernambuco!
Obrigado Poly, Renata, Lílian, Rafa, Dani Castro, Fabíola, Leo, Isabel, Samira Yarak, Tia Edileuza! Vocês fizeram de Pernambuco um lar!
Obrigado Dani Assad, Samira (Bee),  PopR, Chay, Jey, Raquel, Creu, Fá, Mamãe, Otto e Aninha, Cely, Bella, Adri, Claudinha, Gatíssima... Estes últimos me acolhem desde sempre, na sua companhia "cityless"!

“Maybe someday
When I look back I'll be able to say
You didn't mean to be cruel
Somebody hurt you too”



quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Eu, o sexo e as cidades



Hoje terminei (mais uma vez) de assistir a séria completa; Sex and the city. Como tenho muito menos tempo livre do que gostaria, demorei 1 ano... Desde janeiro iniciei esse projeto e, dentre tantos que faço para os anos vindouros, este eu completei.
Na verdade eu não apenas assisto... Como meu amigo Alexis observou, eu estudo Sex. Paro, penso, anoto as frases, reflito, aprendo inglês, repenso a vida, rio, choro, tenho revelações..
Cada vez mais fico certo que nunca existiu (pra mim ao menos) nem um "show" tão tocante, tão completo.
Começando pelo nome. Seu sexo e sua cidade, de fato, definem você! Calma aos apressados! A sua cidade não é onde você mora! Otherwise I'd be living rigth there in NYC with the girls. Circunstâncias, trabalho, amor, família, levam a gente pra onde precisamos estar, mas nossas cidades são aquelas onde nos sentimos nós mesmos... Rio, Paris, NYC, Roma, Recife...
Carrie, Samantha, Miranda e Charlotte tão diferentes, tão próximas de nós! As angústias, amores, felicidades, são tão familiares que realmente nos tornamos "amigos". E nada mais justo ter amigas assim, neste mundo cheio de amigos imaginários, com quem vc conversa todo dia, curte as fotos, paquera, mas nunca tem a chance de refletir como com a coluna de Carrie no New York Star. Mais próximas mesmo do que muitas pessoas com as quais somos forçados a conviver diariamente.
Tenho certeza; se não fossem as meninas, eu não aguentaria viver na "minha cidade"!
O principal de Sex é a amizade e, neste quesito, sou abençoado por Deus! Realmente sou muito feliz por viver no meu mundo SATC...
Minhas tardes com Dani, comendo rocambole e rindo de Samantha. Minha primeira conversa séria com Alexis, na moradia no Inca. Minha revelação no PJ Clark com o Popr. Minha conversa de madrugada na calçada do Iguana Café com Fabíola. Meu Natal com Otto e Aninha. Meu Reveillon com Rachel, Adri e Chayanna. Meu café da manhã na padaria com Jey e Bill. Minha oração na enfermaria com A. Melo. Minhas fantásticas conversas com as 3 irmãs mais diferentes e complementares do mundo: Re, Lil e Poly. Todas as minhas tardes com Sula, Claudinha, Patrícia e Renata naquela enfermaria da Clínica Médica. Minha sopinha da tarde no vida com Sam. Minha viagem à Roma com Aninha...
Impossível escrever sobre todos os meus amores de amigos. Mas uma coisa é mais do que possível: me sentir em casa em qualquer lugar com vocês; porquê, afinal de contas, minha casa é onde meus amigos estão. Bruxelas, Boston, DC, Rio, Sp,Toronto, SSA ou Recife. Até mesmo Petrolina; por que não?



sábado, 19 de outubro de 2013

Histeria



Extremamente inteligente e sutil a abordagem sobre como se processa o conhecimento médico-científico. Um convite à reflexão! O que hoje é obvio já foi uma dúvida e fez muita gente "gastar" tempo matutando...
Hoje o passado nos parece uma piada e daqui a 100 anos vão rir de nós..  "Quanta inocência em 2013, ainda tratavam o melanoma apenas com essas drogas". "Eles discutiam se existia tal doença; hoje qualquer um fica curado com uma simples dose de vacina",  por aí vai.
Dadas as devidas proporções isso acontece todo dia. Quantas vezes nos tornamos tão acorrentados à rotina e ficamos cegos para as possibilidades?
E pensar que "por trás" da história do vibrador havia tanta ciência...


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

If this world is just an apple then let me take a bite



Thirteen years ago this boy did his first trip by himself. Yeah, his first trip alone ever! Destiny? Canada! Why? To study English.. One of the most intriguing things is that he chose to study english in Motréal. Everybody knows the first language in Montréal is french and of course he knew it too.
The reasons for him to choose Montreal were many... Cheaper, friends references, security, a city that is not too big and dangerous for his first trip.
Excluding Serrinha (a small town close to Salvador where his family lives until now) he never went to any place alone.
First plane alone! Nobody to do tell him what to do... Which gate? What's the flight number? The boarding time? Do I need to fill up all these forms before I get to Canada?
The first part to São Paulo was ok. Where is the second check in? Air Canada? Which terminal? Another check in? Again?
When he reached Canada... What is the reason for your visit? Are you by youself? Show me where you are going to study...
Once more; he was brave. Not only his first visit without his parents on a foreing country, on a foreign language, but also he was wanting to enjoy all of his time (this part never changed until today, thanks God).
As he arrived in Toronto on Thrusday and his classes would just begin on monday, he decided to stay in Toronto to get to know the city and just travel to Montréal on Sunday...
More questions... Where I can change my money? Take the cab? How can I go from here to the CN Tower? Where I can get a bus to Niagara Falls? Do I need to buy the ticket before?
His most important feature is that he wasn't afraid to ask and was starving to learn.
All the time at Canada was fine, He loved it. He really improved his english. As soon as he got in Brazil he took the TOEFL with a good mark. He started to love even more his english classes. He knew people from all over the world. He sure had problems too... Somebody stole his money, he was flirted by the first and the second time, and he was afraid of this flirt turning into a robbery (poor innocent boy).
The Only thing he'd never know is that from that time on he would never be the same again. His questions turned into more questions; he was craving to know more, to get more, to do more, to be more;  it was his first step for his inner travel he's still doing by now.
This boy was me, thirteen years younger, some pounds lighter. Our dreams are not the same, nor our priorities. Our fears had changed, as well as our feelings and worries, but one thing remained the same: our hunger to bite the world. "Tell me that's human nature"!

Thank to my family that made it possible! Thank to Canada to had received me with open arms! Thank God to the opportunity!


domingo, 15 de setembro de 2013

"The suspects wore Loubotins"



Glamour, grifes, flashes, revistas, anúncios, entrevistas, fama, dinheiro. Atire a primeira pedra quem, no mínimo não se atrai por nenhuma dessas coisas. Todo esse poder envolvendo a fama e o dinheiro são tão velhos quanto a humanidade. Não é à toa que o Brasil foi "descoberto" há 500 anos num acidente de percurso para se chegar à Índia, onde haviam as mercadorias valiosas da época. O dinheiro sempre moveu e move o mundo.
Já passamos por tanta coisa nesses últimos 500 anos que, no mínimo, precisávamos ter aprendido mais. Porém a atualidade mostra o contrário.
O novo filme de Sofia Copolla - Bling Ring - é genial. Mostra de forma crua o ponto ao qual nossa sociedade chegou. O ponto de desvalorização do sentimento frente ao que possuímos, aliás ao que precisamos mostrar que temos. Foi-se o tempo que um título de doutorado era o motivo de orgulho máximo. Um doutorado sem uma Birkin pra guardar o diploma não vale nada. A embalagem, esta sim vale, e muito, muitíssimo.
Este filme é mais do que uma dica, é uma necessidade! Neste mundo em que basta o "amigo" estar do nosso lado pra perdermos o interesse -"prefiro falar com ela pelo Whatsapp, pelo Facebook". "Quando Rosa chega perto, percebo que prefiro conversar com Maria, ou com Joana, XOXO".
"Você não viu o que eu postei no Face? Que pena! Não tenho paciência pra te contar, olha lá ;)"
 "Estou no Rio, mas bateu vontade de estar em São Paulo, pra tomar aquele drink do Sky bar. Em São Paulo, quero comer o crepe do Arumã, em Pipa. Em Pipa, desejo jantar no Balthazar, em NYC"... E assim vai... Quem paga a conta? Papai rico? Titio milionário? Amigo bilionário? Não! Quem paga somos todos nós. Estamos perdendo a noção. E se continuar assim não sabemos aonde vamos parar, mas certamente num lugar pior.
Sem dúvida, a mais atual tradução do amor é a de Madonna em Love Spent, atribuindo-lhe preço.
 "Love spent, yeah I'm love spent / Really love spent / Wondering where the love went
I want you to take me like you took your money/  Take me in your arms until your last breath
I want you to hold me like you held your money / Hold me in your arms until there's nothing left
Guess if I was your treasury / You'd have found the time to treasure me"


domingo, 8 de setembro de 2013

A troca de pele - Almodovar



Sou fã de Almodovar desde criança mesmo. Muito antes de achar que compreendia seus filmes, o que hoje fica claro pra mim. Com 11 anos, não eram só as cenas de sexo/ nudez que me atraíam, mas o universo "Bapho" e Kitsch, por motivos óbvios, me fascinavam. Assisti todos muito novo, em VCR,  DVD e, desde Carne trêmula, vi todos no cinema.
Tenho muita dificuldade em lidar com violência, com agressões exacerbadas e, justamente por isso, ano passado quando assisti A pele que habito, não gostei muito do filme, da sensação exacerbada de angústia durante suas 2h. A qualidade técnica impecável, os olhos vêem de cara. Assisti pela 2a. vez em DVD e continuei julgando o tema excessivamente maldoso, cruel de modo "desnecessário". Pensei: "mas gente, pra quê colocar uma maldade desse tamanho num filme? Por que ele foi tão cruel desta vez?"
Meu preconceito me vendou para a sacada mais genial e importante do filme; que só agora, um ano depois e 3 vezes assistido, pude perceber... A crueldade que TODOS nós, inclusive, eu, EU MESMO, que de certo modo também sofri/sofro com isso, fazemos com as pessoas transsexuais...
Até para um gay é difícil entender um trans, uma trava, a quantidade de consoantes da sigla GLSBTT... Sim, pra sociedade é muito difícil e para o trans, você já se colocou nesse lugar?
A agressão de forçar o garoto do filme a "virar"uma mulher é exatamente o que acontece com quem nasceu assim. E para quem grande parte de nós sequer tem sensibilidade de perceber; seja você gay, simpatizante, hétero, psicologo, médico, mulher..
Que crueldade é desde sempre se perceber mulher, preso num corpo de homem e ainda precisar lidar com o preconceito e violência de todos.
Obrigado Almodovar! Obrigado por nos mostrar essas coisas! Obrigado por nos fazer trocar de pele, como as cobras fazem, para seguir picando, como é da sua natureza!


terça-feira, 13 de agosto de 2013

Me casei



Vou e volto, mas Sex & the City e Madonna são minhas referências eternas!
Carrie Bradshaw disse ser muito feliz por não ter encontrado sua alma gêmea num homem,
mas nas 3 melhores amigas.. I couldn't agree more!
Tantas coisas passaram; crises, pessoas, relacionamentos, amores; mas meus amigos continuam firmes,
mesmo com minha rudeza, mudança, adaptações..
Desde sexta passada, 09/08, não paro de pensar. Foi o casamento da minha melhor amiga, BFF, Dani Assad. Sabe aquela irmã nascida noutro ventre? Aquela pessoa que você ama e lembra o tempo todo? Sim, aquela que tudo de bom (ou de chato) com que você se depara você corre pra contar (por telefone; maldita distância)? Aquela pessoa com quem você compartilha tudo? Pois é, ela mesma! E ela se casou!
Apesar de todo nosso amor, só conheci o noivo na cerimônia; e ele me conquistou defintivamente, e 2 vezes na mesma noite... Primeiro quando me agradeceu por tudo o que já fiz pela minha amiga... E eu pensei: "mas gente, quem tem que agradecer sou eu; Dani sempre me ajudou muito mais do que eu!" Se passa na cabeça milhões de momentos, conversas, sorrisos... quando a gente ama, nunca ajudamos o suficiente!
A segunda conquista da mesma noite foi o ponto Central... Mauro pega o microfone e fala pra todos: "Eu não me casei com a Dani hoje; casei desde o dia que a conheci" e explicou o porquê daquela forma que só quem ama sabe fazer...
Esse é o ponto central da minha reflexão: Quando amamos um amigo de verdade, nos casamos com ele! Gaças a Deus vivo na melhor poligamia da face da Terra! Salvador, Rio, Brasília, São Paulo, NYC, Boston, Miami, Natal, Recife... Me casei com cada um dos meus melhores amigos e continuo casado até hoje. Sim, o relacionamento muda com o tempo, se adapta, as vezes surge um affair, mas a essência é a mesma! Não casei diante de um juiz e talvez não o faça; mas me casei com muitas pessoas perante meu juízo!
Não fico me questionando se minha amizade com Dani, agora que se casou, vai enfraquecer. Do mesmo modo que eu sempre fiz com todos os meus "casamentos", sei que Dani o fará! Desejo o melhor pra você Dani e pra Mauro! Amor, serenidade, sabedoria! Deus abençoe vocês e todo o meu Harém que acaba de receber mais um ilustre participante! Cheers!
XOXO!